A escolha de uma trompa depende do tamanho do trompista, do nível evolutivo, do tipo de trabalho que vai ser feito com a trompa e, claro, do montante pecuniário disponível para investir.

Ao comprar um instrumento é necessário ter em atenção a existência de trompas em diferentes afinações: em Fá; em Sib em Mib; completas (full double); Compensadas; Fá/Sib; Fá/Sib/Fá alto; Fá/Sib/Mib alto; sistema francês ascendente, com valvula de som Bouché; naturais; descant... Convém ter em conta o tamanho, que pode ser standard (adequado para a maioria dos alunos com 10 anos), tamanho de criança (para alunos a partir dos 5 anos) ou em tamanho pocket, também conhecidas como trompas piccolo.

Para referência poderá utilizar a Lista de Fabricantes de Trompa que disponibilizo neste site.

Trompa para Iniciação ao Instrumento

A iniciação ao instrumento, quando feita em tenra idade (5-10 anos) deverá ser realizada num instrumento para crianças, já que este possui uma campânula com dimensões mais pequenas, um corpo mais enrolado, e um peso também menor sendo assim mais adequado à estrutura da criança. Normalmente estas trompas encontram-se disponíveis em duas afinações fá ou si bemol e são designadas por "trompa para crianças", "trompa para mãos pequenas", "kinder" ou "small wrap", algo que se consegue por cerca de 350€
Para alunos, a partir de 10 anos de idade, aconselho uma trompa de tamanho standard em Fá (single) ou Dupla em Fá em Si bemol (full double horn), salvo se se tratar de um aluno de baixa estatura. Nesse caso, uma trompa para crianças poderá ser mais adequada, (exemplo de um pack bastante económico para crianças pequenas). Nesta fase uma trompa simples é preferível pela menor complexidade, preço e peso.

Bocal

Habitualmente as trompas são vendidas com um bocal contudo dever-se-á optar sempre por um bom bocal, independentemente da trompa a utilizar, uma vez que o som é gerado pelos lábios em contacto com este.
Há vários tipos de bocais, para iniciar recomendo um bocal médio (nem muito grande nem muito pequeno) alguns exemplos:
Marca Vincent Bach, modelo 7 ou 10; Marca J.K. modelo 3DK ou 3DM. Para outras marcas é sempre possível utilizar a ferramenta de Comparação de Bocais de Trompa que disponibilizo no meu site.
À medida que o músico evolui para a configuração de adulto e se vão revelando as suas características musicais, a escolha do bocal certo pode ser crucial. Contudo de início é mais importante escolher um bocal, trabalhar e estabilizar a embocadura, ao invés de estar constantemente a mudar. 

Trompas Duplas

As trompas em Fá/Si bemol constituem a configuração mais usual nas orquestras. Habitualmente, em Portugal usam-se as trompas duplas completas (full double horn) mas também existem no mercado modelos compensados (compensated double). Nas trompas completas cada rotor tem duas bombas de afinação, diferenciando o lado de fá e de si bemol. Nas trompas compensadas cada rotor tem apenas uma bomba de afinação, sendo que a chave do polegar aumenta o comprimento de tubo com a diferença entre estas duas afinações. As trompas compensadas têm a vantagem de serem mais baratas  e mais leves, contudo apresentam questões de afinação, pelo que recomendo a opção por trompas completas. 

As trompas duplas dividem-se em 3 gamas de preços:

GAMA BAIXA

600-1500€ - trompas baratas, geralmente de fabrico chinês.

GAMA MÉDIA

3000-4000€ - Instrumentos de estudante ou semi-profissionais.

GAMA ALTA

acima de 7000€ - Instrumentos Profissionas

Sempre que possível evite trompas de gama baixa, uma vez que um instrumento de fraca qualidade dificulta a evolução do aluno. Caso a situação financeira não seja a ideal, nesse caso recomendo que, inicialmente, não seja feito um investimento avultado, sendo melhor optar por um instrumento de Gama Baixa. Poupando assim algum dinheiro e só adquirindo um instrumento melhor a partir do 3º ano. Embora a gama baixa apresente instrumentos de menor qualidade, se forem comprados novos a casa que os vende oferece, pelo menos, 2 anos de garantia relativamente a defeitos de fabrico (excluem-se falhas resultantes da má utilização do instrumento). A vantagem de optar por um instrumento mais barato é que mais tarde, caso opte por adquirir um instrumento melhor, poderá então investir o montante poupado numa trompa de gama alta.

Algumas casas em Portugal onde podem ser adquiridos o bocal, a trompa e os respetivos lubrificantes, indispensáveis ao bom funcionamento do instrumento ( Como escolher lubrificantes para a Trompa? )

Casas que também reparam instrumentos estão marcadas com um círculo.

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Caso não apareça nenhuma informação no mapa, clique neste link

Outros Instrumentos 

(Trompas de Especialidade)

Trompas com bomba de som bouché - Existem trompas com uma chave extra que baixa o som 1/2 tom, colocando a trompa em Lá/Mi. Trata-se de algo particularmente útil no caso do som bouché, permitindo que o trompista toque normalmente este som sem necessitar de transpor. São trompas ligeiramente mais caras, mais pesadas, mas com uma grande vantagem: a chave extra que pode revelar-se imensamente útil. Alguns exemplos de trompas com bomba de bouché:  Alexander 104, 1104; Paxman 21, 26, 23st; Engelbert Schmid) 

Trompas Descant, Double Descant, Triplas Compensadas, Trompas Triplas Completas - São trompas de especialidade, usadas em orquestras profissionais e não recomendadas a todos os trompistas. As trompas descant estão afinadas uma oitava acima (Fá alto, Mib alto, Sib alto) e existem em versões simples ou duplas, sendo habitualmente usadas em repertório barroco, numa tessitura muito aguda. Já as trompas Triplas possuem 3 afinações, juntando uma trompa dupla e uma descant, habitualmente Fá/Sib/Fá alto ou Fá/Sib/Mib alto. Da mesma forma que existe um compromisso nas trompas duplas, esse compromisso triplica nas trompas triplas, uma vez que com o mesmo leadpipe são usados 21 comprimentos de tudo diferentes. Normalmente, numa trompa tripla há uma maior certeza no registo agudo mas como em tudo na vida existe sempre o reverso da medalha, uma vez que há uma perda da projecção sonora e qualidade de som quando comparado com uma trompa dupla. A complexidade das trompas triplas também faz com que haja um maior número de tubos, mais bombas para retirar a água e um peso maior, embora marcas como Engelbert Schmid consigam manter 2,6 kg para uma trompa tripla completa e 2,25 kg para uma trompa tripla compensada.

Trompas em Sistema Francês Ascendente -  A maioria dos fabricantes adoptou um sistema de trompas duplas em que o primeiro rotor baixa um tom, o segundo 1/2 tom, e o terceiro um tom e 1/2. Contudo existe um sistema francês, pouco em voga, em que o terceiro rotor sobe um tom, ficando com trompa em Dó do lado de Si bemol e em Trompa Sol no lado de Fá. Este sistema permite eliminar o problema de afinação tendencialmente alta obtido pela combinação do primeiro e do segundo rotores, permitindo tocar notas afinadas com o terceiro rotor. O facto de os trompistas terem de aprender novas dedilhações, contribuiu para que este sistema não fosse adoptado em massa, contudo continuou a ser fabricado por marcas como Alexander e Engelbert Schmid.

Trompas Naturais - Antes da invenção das chaves (ca. 1800) eram utilizadas trompas sem sistemas mecânicos de alteração do comprimento de tubo, conhecidas como trompas naturais. Apesar da sua escassez é possível encontrar no mercado instrumentos oriundos desta época. Existem também construtores que fabricam trompas baseadas em réplicas históricas.

Trompas Vienna - A Trompa de Vienna trata-se de um instrumento com um sistema mecânico de alteração do comprimento de tubo, mas com características sonoras que em muito se assemelham à trompa natural. Ao contrário do resto do mundo onde o uso de trompas duplas, triplas e descant é usual, na Áustria continua a manter-se a tradição da trompa Vienense apenas em Fá. É o tipo de trompa que é tocado na Orquestra Filarmónica de Vienna.

Tubas Wagnerianas - Trata-se de um instrumento fabricado a pedido de Richard Wagner com o intuito de aproximar o som da trompa ao da tuba. É um instrumento com as mesmas dimensões da trompa mas com o formato de uma tuba. É, habitualmente, tocado por trompistas. Trata-se de um instrumento geralmente bastante caro, pelo que é pouco utilizado pela maioria dos trompistas,  contudo há algumas fabricadas da china com um preço muito mais acessível.

Características a ter em consideração ao comprar uma trompa 

Metal:

Latão (PT) / Yellow Brass (EN) / Messing (DE)70% de cobre e 30% de zinco - É o metal mais utilizado na construção de trompas. Produz um som bastante rico e versátil, vibra facilmente, com um espectro de cores desde um som suave até extremamente metálico. A saliva causa corrosão nesta liga metálica.

Latão Vermelho (PT) / Gold Brass (EN) Gold Messing (DE) - 85 % de cobre e 15 % de zinco - Produz um som mais suave e escuro, com uma maior nobreza, não possibilita contudo tanta variação de cores. Trata-se de uma liga metálica mais resistente à corrosão pela saliva, requer um pouco mais de energia do instrumentista.

Alpaca (PT) / Nickel Silver (EN) / Neusilber (DE) - 65% de cobre, 18% de níquel e 17% de zinco - Embora o seu nome esteja associado à prata, não contem prata, sendo que a cor prateada é dada pelo níquel. Produz um som bastante escuro em piano e muito brilhante em fortissimo. Tradicionalmente é uma liga metálica muito usada na construção de trompas na América, mas não tanto na Europa. Oferece uma maior protecção contra a corrosão pela saliva.

Prata Esterlina (PT) / Sterling Silver (EN) Sterlingsilber (DE) - 92,5% de prata e 7,5% de cobre - Produz um som bastante redondo, responde bem em piano, sem se tornar demasiado agressivo em fortíssimo, contudo é mais cansativo para o trompista em dinâmicas muito intensas. Oferece maior resistência à corrosão pela saliva e é a única que oferece protecção à corrosão pelo suor.

Alergia ao Níquel:

Alguns componentes da trompa possuem níquel algo que para a maioria das pessoas não constitui qualquer problema. Contudo para aqueles que são alérgicos ao níquel poderá resultar em complicações graves, a boa notícia é que Engelbert Schmid produz, a pedido, trompas sem níquel.

Kruspe vs. Geyer:

Essa é a eterna questão, uma vez que existem 2 grandes tipos de trompas baseados em modelos tradicionais de Kruspe, que ainda hoje continua a fabricar trompas, e Carl Geyer,  antigo construtor de trompa americano. Embora nem todas as trompas sejam baseadas nestes modelos, estes constituem uma boa referência a ter em conta. Uma forma de identificar o modelo consiste no seguinte: normalmente as trompas "Kruspe" têm um rotor desnivelado, são geralmente mais pesadas, produzem um som bastante escuro e possuem um rotor que faz a alternância entre Fá e Si bemol, localizado, por norma, do lado do bocal. Já as trompas "Geyer" têm os rotores em linha, o que faz a alternância entre Fá e Si bemol encontra-se do lado da campânula, o que faz com que o ar circule em direcções opostas do lado de fá e de si bemol. Trata-se de um modelo mais leve e mais fácil de tocar. Qual o melhor tipo de trompas? Bem... esta questão é muito relativa uma vez que existem bons interpretes a tocar em cada um destes tipos de trompa. A melhor forma é mesmo experimentar e decidir qual o tipo de trompas a escolher.

Campânula com ou sem anel

O anel na campânula dá maior estabilidade à mesma, tornando o instrumento mais pesado e com um efeito similar aos Mouthpiece Booster, Mouthpiece Rings e ToneBlobs, uma vez que adicionam maior quantidade de metal ao instrumento. Com um anel na campânula, o som torna-se mais escuro mas o instrumento requer mais energia para ser tocado.

Campânula Fixa ou Destacável

Acusticamente a campânula fixa é preferível, contudo um campânula destacável oferece uma série de vantages que fazem com que a grande maioria dos trompistas opte por elas. É certo que o anel de ligação da rosca abafa alguns harmónicos, mas uma vez que está situado no mesmo local onde a mão se posiciona na campânula, faz com que a diferença não seja muito notória. Com uma campânula destacável pode optar por sacos mais práticos e compactos, que obedeçam aos tamanhos standardizados das companhias aéreas, tem a possibilidade de usar mais do que uma campânula com características diferentes e, caso esta se danifique, pode comprar uma nova ou enviá-la para reparação, evitando assim ficar sem o seu instrumento durante um longo período de tempo.

Campânula normal ou martelada à mão

Tradicionalmente as campânulas obtinham o seu formato sendo marteladas à mão. Trata-se de um processo trabalhoso e demorado pelo que a maioria das campânulas hoje é feita num torno mecânico. O processo de fabrico faz como que o material fique ligeiramente mais fino junto à rosca e mais espesso junto ao rebordo da campânula. Uma campânula martelada à mão, fica mais espessa junto à rosca e cada vez mais fina até chegar ao rebordo. Desta forma fica mais resistente a suor junto à rosca, mas bastante mais frágil junto ao rebordo, pelo que deve evitar-se demasiada força nesta zona, o que leva alguns trompistas a optarem pela colocação de um anel de forma a dar maior estabilidade. Com uma campânula feita num torno obtém-se um som mais "moderno" numa campânula martelada à mão um som mais "tradicional".

Com ou sem verniz (banhado a ouro ou prata)

Acusticamente será preferível uma trompa sem verniz mas na prática é algo que faz com que o instrumento não tenha a mesma durabilidade. Por isso requer que o instrumentista esteja constantemente a limpar o instrumento e faz com que este ande sempre com as mãos "esverdeadas" devido ao constante contacto com o metal. O verniz dá maior durabilidade ao instrumento, faz com que este mantenha sempre o brilho, que quando de qualidade e aplicado por um profissional, faz com que o instrumento mantenha praticamente as mesmas características de uma trompa sem verniz. Existe também a possibilidade de banhar o instrumento com prata ou ouro, aumentando assim a sua resistência ao suor, contudo o custo extra é consideravelmente elevado. Uma trompa sem verniz é mais fácil de reparar, uma vez que não é necessário desgastar/queimar o verniz para soldar ou remover mossas.

Tamanho Europeu/Americano

Alguns fabricantes constroem trompas com leadpipes mais largos e campânulas maiores ao estilo americano, embora gradualmente este esteja a cair em desuso. Existe a opção de bocais em estilo europeu ou americano, independentemente da sua escolha, deverá ter em consideração que o seu bocal deverá ir de encontro ao tamanho do seu leadpipe ou o resultado poderá não ser o desejado.

Peso

peso do instrumento do instrumento pode ser algo a ter em conta na hora de comprar. O peso do instrumento tem influência nas características sonoras e também se reflete nas costas no trompista.

 

Trompas Usadas (2ª Mão)

Uma outra possibilidade passa por adquirir uma trompa usada: a título de exemplo: é possível encontrar trompas de gama alta por preços muito próximos da gama média, e trompas de gama média por preços muito próximos da gama baixa.

Há algumas possibilidades online para comprar instrumentos novos e em segunda mão internacionalmente:

https://store.paxman.co.uk - Vendem instrumentos novos e costumam igualmente ter uma boa paleta de opções em 2ª mão (atenção que o preço está em libras)

https://www.halsteadmusic.co.uk/shop/- Loja de um conceituado trompista que tem instrumentos em segunda mão

http://rimskys-horns.com/en/product-category/2nd-hand-horns/ - Bom leque de instrumentos em 2ª mão

http://todotrompa.blogspot.pt/ - Todotrompa / Eurobrass, representantes Ibéricos da marca Engelbert Schmid, possuem diversos instrumentos em segunda mão.

http://www.lolifantparis.com - Sediada em Paris, vendem trompas novas e em segunda mão

https://www.hornsociety.org/marketplace/free-classifieds - Esta é a secção de classificados da International horn society. Embora muitos dos instrumentos estejam a ser vendidos fora da comunidade europeia, é uma boa referência para preços.

Relativamente às opções em 2ª mão é possível igualmente considerar o http://www.custojusto.pt, o http://www.olx.pt, a secção de classificados do http://www.trompista.com ou mesmo o ebay.com.

No que diz respeito às trompas em 2ª mão, recomendo que a base de negociação seja metade do valor do instrumento novo, podendo ser valorizado ou desvalorizado a partir daí.
Alguns elementos que poderão ser considerados para a valorização/desvalorização: excepcional estado de conservação, qualidade de construção, características musicais apreciáveis, extras disponibilizados, garantia etc.

Marcas conceituadas, habitualmente, fogem à regra da metade do valor do instrumento novo, conseguindo assim manter uma boa valorização de mercado. Constituem, portanto, a melhor compra que um músico pode fazer, uma vez que adquire um instrumento de topo a um preço muito reduzido e, caso queira vender em 3ª mão, conseguirá vender praticamente pelo mesmo preço. Desconfie sempre de um instrumento de uma marca conceituada a um preço extremamente baixo!

Caso esteja a comprar um instrumento em 2ª mão a um particular faça uma pesquisa na internet pelo número de série ou contacte o fabricante, uma vez que é bastante comum encontrar instrumentos furtados...

As trompas em segunda mão deverão ser previamente testadas, sempre que possível, para evitar más compras. Compras a partir da internet poderão estar sujeitas a portes de envio e taxas alfandegárias, portanto recomendo que tenha em consideração esses aspectos antes de encomendar.

 

Opiniões de terceiros

Na hora de escolher um instrumento, as opiniões de terceiros poderão ser uma ajuda preciosa mas ao mesmo tempo, podem simplesmente atrapalhar. Escolher uma trompa, um bocal, uma campânula é um pouco como escolher um par de sapatos; uma pessoa poderá dar-lhe uma opinião estética mas no final a sua sensação é que conta. Ao escolher um instrumento deverá tentar abstrair-se de marcas/modelos pois não é por o trompista X/Y tocar numa determinada marca/modelo que também você soará maravilhosamente nesse instrumento. Se quiser uma opinião externa, escolha uma sale grande e organize um prova com um grupo de trompistas, com cortina fechada ou com o júri voltado de costas. Atribua etiquetas (ex: Trompa A, B, C) e peça para cada um tecer uma opinião, preferencialmente por escrito, sobre o que mais gostou em cada um dos instrumentos e só depois compare com a sua sensação. A opinião do trompista junto à trompa e do público, a alguns metros de distância, varia e é neste aspecto que uma opinião externa poderá ser uma mais-valia.